mari.augusto
No meio do caminho
Antes de começar a falar de Paris, queria registrar aqui as 12 horas que percorremos de trem de Barcelona até lá. Estávamos certas de que nossos assentos eram cadeiras super reclináveis, acolchoadas e tudo mais que a mocinha que nos vendeu o ticket no Brasil disse. Chegando na estação descobrimos que passaríamos a noite em um tremhotel, que só tem cabines com camas, tipo beliches. Ótimo. Como a minha experiência anterior em tremhoteis não era das melhores, fiquei meio tensa de encarar aquilo de novo. Não estava psicologicamente preparada. Mas ok, vamos lá. Entramos com aquelas malas super pesadas batendo nas paredes do corredor, casaco numa mão, bolsa em outra, cheia de sacola pendurada no ombro, pagando aquele miquinho de sempre. Entramos na cabine que deveria ser a nossa e demos de cara com dois homens que já estavam com suas malas acomodadas na parte de cima da cabine, o que me fez pensar o que faríamos com as nossas e imaginar a maravilha de noite que passaríamos dormindo com aqueles dois esquisitões. Os caras ficaram mais surpresos do que nós mesmas com a nossa presença ali. Pediram pra conferir nosso ticket e nos deram a melhor notícia que eu poderia receber naquela hora: estávamos na cabine errada! Aquela era só masculina. Uhuuuul! Acho que dei até um risinho de tanto alívio! Seguimos batendo nossas malas até o vagão seguinte e encontramos uma cabine livre, só com uma moça um pouco mais velha que a gente sem bagagem quase nenhuma e que nos recebeu com um sorriso doce e simpático, bem mais convidativo do que as caras de espanto dos esquisitões. Depois da troca de sorriso e uns minutos de silêncio,ela arriscou iniciar o papo em francês comigo. Coitada... claro que não rolou, ne? Daí ela tentou o espanhol e eu,aos trancos e barrancos, fui levando a conversa. Mathilde contou pra gente que era do sul da França mas que tinha morado algum tempo em Madri e por isso falava as duas línguas com fluência. Perguntou sobre nosso roteiro e pra cada lugar que dizíamos que íamos visitar, ela tinha alguma coisa pra dizer, alguma história pra contar, ou mesmo suas impressões e experiências. Fiquei impressionada com o fato dela saber tanta coisa, tantos detalhes e perguntei de onde vinha tanta sapiência :P Ela contou que era doutoranda e que estudava História da Arte. Aaaaaaah! Agora sim tudo fazia sentido. O papo rendeu boas risadas e ainda rolou por muito tempo até que decidíssemos dormir. Ela contou que as passagens de avião na Europa são mais baratas do que as de trem mas que ela preferia viajar assim, dentre outras coisas, por conhecer pessoas de outros lugares como a gente. Boa observação. Boa escolha. Só assim ela fez valer cada minutinho dentro daquela cabine apertada mas cheia de observações interessantes, boas risadas e troca de conhecimento. Dormimos ao som da porta que estava com a maçaneta ruim e batia o tempo todo, e eu acordei na manhã seguinte em Paris, satisfeita com a doce surpresa que noite anterior nos tinha reservado. Em Paris, Mathilde anotou o número do seu telefone pro caso de precisarmos de alguma coisa e nos levou até o taxi, onde nos despedimos com a sensação de que tinha muitas coisas e pessoas maravilhosas esperando por nós.

mari.augusto
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Um comentário:
Da água para o vinho!
Que bom que se livraram dos esquisitões e que você teve a oportunidade de "superar" nosso trauma de tremhotel! kkkk...
Conta mais!
Beijo
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